Paula Virgínia Salge Melo Mio
Designer de moda e consultora de estilo e imagem
Um tema que encanta e atrai os olhares e sonhos de muitos que são amantes da moda, do luxo e de detalhes preciosos.
Mas o que nem todos sabem é que a alta-costura só existe em Paris. Sim, e é considerada um patrimônio cultural da cidade.
A alta-costura, ou Haute Couture, em francês, refere-se à criação de roupas de luxo, feitas sob medida, produzidas com alto nível de qualidade, criatividade e exclusividade.
A maior parte do trabalho é feito à mão, em escala artesanal, por profissionais altamente qualificados e com a utilização de materiais de muita qualidade, como tecidos raros, preciosos, bordados e detalhes exclusivos.
Essas criações exclusivas e sob medida são uma realidade para poucos. Produzidas por um seleto público e tem como objetivo principal divulgar a marca.
A origem da alta-costura é atribuída ao costureiro inglês Charles Frederick Worth que abriu sua primeira Maison em 1858 em Paris. Naquela época era comum que costureiros e alfaiates criassem as roupas de acordo com a necessidade das clientes. Mas Worth, cria sua primeira coleção, inovando e trazendo a ideia de desfiles de moda. Trouxe as primeiras coleções por estações, colocando etiqueta com o próprio nome em seus vestidos sofisticados, muito bem feitos e muito bem acabados. Só mais tarde, em 1868, seu sofisticado trabalho foi sindicalizado e recebeu o nome de alta-costura.
Charles Frederick Worth, considerado o pai da alta-costura, não chegou a ver o seu legado se tornar o que chamamos de extremo luxo da moda.
Vestidos criados por Frederick Worth. Em cada vestido uma obra de arte para realçar a essência. Entendia que a moda era uma extensão da personalidade.
Nos primeiros anos do século XX, a alta-costura fortaleceu a indústria de moda francesa. Isso chamou a atenção de Hitler em 1940. E, quando o exército alemão invadiu Paris, ele resolveu que levaria a alta-costura para Berlim para que pudesse transformá-la numa potência econômica.
Foi então criada, em 1910, a Chambre Syndicale de la Houte Couture parisiense (Câmara Sindical da Costura Parisiense). Somente com o início da segunda guerra mundial que foram criadas e estabelecidas as regras que definem e consideram o que é ou não alta-costura. O objetivo era manter a moda francesa dentro de Paris para que fosse a capital mundial da moda. Existem regras (uma longa lista de exigências) para a alta-costura e para alcançar esse status é preciso segui-las rigidamente.
A primeira delas é que para ser denominada alta-costura só pode ser feita em Paris no “Triângulo do Ouro” da cidade luz, ou seja, no espaço delimitado pela Avenue des Champs-Elysées, Avenue Georges V e Avenue Montaigne. É preciso ter um prédio próprio com padrão arquitetônico reconhecido; Apresentar duas coleções anuais com pelo menos 25 looks com designs originais, incluindo visuais noturnos e diurnos, para serem apresentados para o público e para a imprensa; Ter 80% da peça feita a mão, ter bordados manuais e ser peça única.; Ter um staff de no mínimo 15 profissionais altamente qualificados para criação da peça sob medida e tendo no mínimo uma prova.
Como a alta-costura é uma realidade para poucos, uma das regras é ter um perfume associado à marca e também cosméticos, acessórios e roupas prontas (prêt-à-porter), como forma de expansão e sobrevivência da marca. Os desfiles de alta-costura costumam terminar com vestido de noiva, não como regra, mas como associação à exclusividade, ao feito à mão e por ser considerado a peça mais cara do guarda-roupa feminino. Embora muitas lojas utilizem o título de alta-costura para confecção de vestidos de festa de alto padrão, o único lugar onde existe a alta-costura é realmente em Paris. Sem que isso diminua a qualidade e o luxo do que é criado em todos os lugares do mundo.