Por Camilla Colenghi
Um dia a gente percebe que o sofrimento não era dor, mas insistência, vontade de ficar.⠀
E que o ponto final não era tão difícil.
Excruciante mesmo era virar a página.⠀
O relacionamento que acabou, o projeto que teve um fim, a amizade que terminou.⠀
O espaço do meio: o lugar entre o não mais e o não ainda.⠀
Terra difícil de estar e fundamental para crescer. Ninguém amadurece só nos embalos de sábado à noite. É ganhando intimidade com o desconfortável, que a gente evolui. ⠀
Sem ter certeza que direção seguir, mas sabendo pra onde não voltar.⠀
No espaço do meio nascem as melhores versões de nós mesmas. ⠀
É endereço do cair, do levantar, do descer rolando ribanceira abaixo.⠀
E do descobrir que a gente não morre por isso.⠀
No espaço do meio, ganha-se força. ⠀
Machucados e cicatrizes.⠀
E percebemos que há sofrimento que é livramento.⠀
Adeus que é presente.⠀
Perdão que é liberdade.⠀
Silêncio que é aula.⠀
Sedutor o desejo de querer pular o “durante”.⠀
Mais tentadora ainda é a arrogância de achar que sabemos o final. Desde quando linha de chegada tem comprovante de residência?⠀
Bom é ter que recalcular o destino. Notar que o plano inicial não faz mais sentido.⠀
Porque - no espaço do meio - você cresceu!⠀
E floresceu. ⠀
E não quer mais as mesmas coisas, não é mais a mesma pessoa.⠀
Como a lagarta que não busca uma solução instantânea. Que confia na força do tempo e da vida. E encara o processo que a permite se transformar em borboleta.⠀
Você não está atrasada. ⠀
Está se construindo.⠀
Honre seu processo. ⠀
Celebre o espaço do meio.⠀