Por Camilla Colenghi


Se, em janeiro, alguém te alertasse sobre como seria a vida em junho, o que você̂ diria? 

O que pensaria se falassem das coisas que te esperavam pelo caminho? 

As mudanças na dinâmica em casa, no trabalho, na família, na escola, nas ruas. 

Não sei você̂, mas eu gritaria que NÃO! Que não seria possível. E veja só́, aqui estamos. 

Há pouco, eu tinha 25, um filho pequeno, uma filha recém-nascida e havia acabado de perder meu pai. Se tivessem me avisado, eu diria que era o fim. O meu fim. 

Há mudanças que jamais acreditamos suportar. Dias tão desesperadores que causam angústia e sufoco. 

A vida dá um giro de cento e oitenta graus. Entramos em um labirinto e não vemos os fios de esperança. 

Ponto final pode ser convite para o início de uma nova frase. 

É sempre tempo de ressignificar objetivos. De reinventar conceitos. De colocar intenção positiva em novas oportunidades de alegria. 

Ontem de manhã saí para caminhar com a minha caçula. 

Andamos por um tempo. 

Ela se cansou e pediu colo. Acabou dormindo, apoiada no meu ombro. 

Olhei para o horizonte e avistei o nosso ponto de partida. 

Carregá-lá por todo o percurso de volta parecia difícil e tão distante. 

Vi meus pés no chão e notei meus passos. 

Caminhei. Ora devagar, ora apressada. 

Caminhei, sem procurar saber quanto tempo faltava. Sem pensar na linha de chegada. 

Caminhei porque o movimento foi o que me trouxe até́ ali, antes de mais nada. 

Caminhei porque as outras opções, embora livres de dor e esforço, não eram para mim. 

Caminhei porque um pensamento - desses que o vento sopra no ouvido - me falou da força do meu andar. 

E me lembrou de que, em meio à tantas variáveis e em qualquer desafio, quando caminho sou eu que controlo a velocidade. E a direção.