Ricardo Almeida


No final de fevereiro de 2021, um iceberg se desprendeu de uma plataforma na Antártida e pode se deslocar para o oceano. O gigantesco bloco de gelo mede aproximadamente 1.270 quilômetros quadrados e pode ser comparado ao tamanho de cidades como Londres, São Paulo e Rio de Janeiro. 

A informação foi dada pela Estação de Pesquisa Britânica (BAS), que acompanha o fenômeno na região.  Os cientistas disseram que há anos esperam por esse "parto" do bloco de gelo e os eventos que levaram à separação do iceberg começaram há quase uma década, apresentando maior aceleração no final de 2020.


Bloco de gelo ode ser comparado ao tamanho de cidades como Londres, São Paulo e Rio de Janeiro


Como medida de segurança, há quatro anos a estação foi transferida de posição, ficando a uma distância de 20 quilômetros do ponto de ruptura. No momento do “parto” a estação estava vazia e não houve nenhuma ocorrência de acidentes com a base, que continuará monitorando o bloco desprendido. 

De acordo com os cientistas, icebergs se soltam naturalmente da Antártida, mas o processo tem sido mais acelerado pelas mudanças climáticas do planeta. Contudo, especialistas em glaciologia não veem o fenômeno com espanto e dizem que esse tipo de descolamento indica uma reorganização da natureza na busca de equilíbrio.   

Em imagens capturadas por satélite é possível ver o momento em que o iceberg se desprende da plataforma de gelo. De acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA), os pesquisadores já vinham monitorando diversas rachaduras e abismos que se formaram na plataforma de gelo. De qualquer forma, eles seguem analisando cada detalhe das imagens para verificar se há instabilidades na região gelada, uma vez que nos próximos meses o iceberg pode ser arrastado pela rápida corrente da costa, encalhar ou ainda provocar mais danos colidindo com outra plataforma de gelo. 


Icebergs se soltam naturalmente da Antártida


Apesar de gigantesco, o mais novo iceberg ainda é menor que o iceberg A68 (três vezes maior), que se desprendeu em julho de 2017. Em breve, o Centro Nacional de Gelo dos Estados Unidos batizará o novo bloco flutuante que, por estar no mesmo quadrante Antártico (0-90W) em que o A68 se originou, provavelmente receberá o nome de A74. 

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) apontou aumento significativo das temperaturas na Antártida, que supera recordes anteriores. Segundo os pesquisadores, é importante monitorar esse registro de temperatura porque ajuda a ter um panorama do clima num lugar que é considerado como uma fronteira longínqua do planeta. No entanto, mesmo tendo influência sobre clima e no aumento dos níveis dos oceanos, a Antártida e o Ártico são regiões que ainda não possuem cobertura mais ampla para as observações meteorológicas.

Embora não haja consenso na comunidade científica de que os desprendimentos de gelo mantêm relação direta com o aquecimento global, vários pesquisadores vêm alertando para os efeitos do aumento da temperatura sobre as massas de gelo glaciais e os solos congelados da Antártida e do Ártico, regiões que estão aquecendo mais rápido do que o resto do mundo. 


Iceberg A68


Ricardo Almeida

Doutor em Ciência, Tecnologia e Sociedade. Mestre em Inovação Tecnológica. Especialista em Gestão de Pessoas e Negociação Coletiva. Atua nas áreas de Desenvolvimento Humano e Educação Ambiental. 


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