Arthur Matos


Já faz um tempo que percebi que algo que me cativa e  me faz reproduzir constantemente nas minhas fotos são cores. É até uma busca incessante por cores naturais ou com potencial para gerar algo com pós-produção. Aliás, fica a citação de que pós-produção é algo natural na criação de imagem há alguns anos, mas irei reservar outro dia para falar mais sobre isso. O que quero conversar com vocês hoje é sobre cores, ou mais especificamente, a ausência delas: vamos conversar sobre a fotografia preto e branco. 

A fotografia começou em capturas e reproduções sem cores e não podemos dizer que por isso eram menos incríveis que as imagens de agora com milhões de cores. Na verdade, o incrível é imaginar que a qualidade analógica era tão alta e que até então quase nunca nos aproximamos daquela quantidade de detalhes que não funcionavam com pixels. 



Essa imagem que estou dando de exemplo dá não apenas uma noção dessa qualidade que foi digitalizada, mas mostra até mesmo um pouco do que era ser fotógrafo quando a Kodak ainda dominava aquela área de ponta a ponta (até relutarem a seguir o fluxo da evolução digital e perder espaço até falirem). Nesse clique está meu avô, no final dos anos 1960, registrando o único computador que havia na cidade, que era da Telefônica, e estava trabalhando com essa publicidade. Aliás, não deixa de ser interessante ver como acabei reproduzindo o trabalho dele décadas depois com fotografia publicitária. 

Mas voltando com a questão da fotografia duotone, quero frisar que mesmo sendo um admirador das cores, tenho total noção do poder e impacto de uma fotografia feita dessa forma. Tanto que quero mostrar a vocês o que as faz tão maravilhosas e cheias de força, além de dar dicas de como usar esse tipo de fotografia. 



O que dá vida a fotos preto e branco são justamente os detalhes. Com a falta das cores, muito do que projetamos vai do nosso cérebro de preencher com o que conhecemos de mundo, das coisas, então a luz, as sombras, as texturas, tudo isso nos envolve na imagem. Trazem profundidade, volume, e o que em cores poderia não fazer tanta diferença, contrasta e saltam aos olhos. 



Para imagens monocromáticas o que faz o destaque é a junção de detalhes que se tornam a imagem em si. Luzes fortes, sombras fortes, projeções de profundidade. Um sol a pino, uma lâmpada, pode ser tudo que se precisa para ver uma imagem em preto e branco de grande poder, impactante. 




Dessa vez irei chamar todos a testarem a sensibilidade que cada um tem para se conectar com a beleza em escalas de cinza e testarem fotos contrastadas e incríveis, tal qual no início dessa arte, de captar um fragmento do tempo em um enquadramento. Vivam as cores do seu dia em apenas duas cores! 


Arthur Matos

Fotógrafo, publicitário, professor de Fotografia, criador do Projeto Nuances. Siga Arthur no InstagramAcesse o site dele ou envie um e-mail para arthurmatosc@gmail.com. 


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