Ricardo Almeida


Já são quase dez meses de isolamento social. Um cenário que requer nossa capacidade de amar a si próprio e aos outros, mas que também nos oportuniza a descobrir novas possibilidades e caminhos para preservar a saúde individual e coletiva. Nesse espaço de tempo, muitas coisas aconteceram no meio ambiente, algumas benéficas e outras nem tanto, algumas de forma natural e outras provocadas pelo oportunismo de alguns. 

Até que tudo isso possa ser definido, deixando claro como serão os nossos hábitos, que tal aproveitar para adquirir novos conhecimentos, lançar novos olhares e revigorar as esperanças? 

Um novo ano se aproxima e com ele a solução de muitos problemas que enfrentamos em 2020. Férias e passeios com a família e os amigos devem aguardar mais um pouco, até que tenhamos segurança para respirarmos livre e plenamente. E por falar nesse sentimento de liberdade, se tem algo que nos possibilita usufruir dessa sensação são as viagens. Nada melhor que poder conhecer novos lugares, diferentes culturas e pessoas. 

Fazer turismo talvez tenha sido um dos desejos mais presentes neste período de pandemia. Mas, enquanto essa liberdade não chega, podemos adquirir informações sobre como nos divertir sem agredir o meio ambiente. E, se é um leitor assíduo da Revista Mulheres e vem acompanhando as matérias nesta coluna, você já sabe que quando nos referimos a esse termo estamos falando da natureza, das relações humanas, dos hábitos cotidianos e dos estilos de vida, que são frutos da combinação de uma série de fatores materiais e imateriais.   

Algumas medidas simples podem agregar à experiência do turista, beneficiando não só a qualidade dos seus momentos de lazer, como também as comunidades visitadas, os projetos que militam por causas nobres e, principalmente, o meio ambiente que o acolhe. A escolha da empresa prestadora de serviços pode ser um bom começo aliada às possibilidades de conhecer lugares menos batidos. Também é importante dar preferência a produtos e serviços do próprio local visitado e evitar atrações turísticas que exploram animais. 

Esse movimento consciente ajuda a entender os impactos ambientais do turismo e representa uma verdadeira aula prática de educação ambiental. O turismo é uma atividade econômica fundamental para muitas regiões, pois além de gerar emprego e renda, valoriza a cultura e as tradições das comunidades. Não é difícil perceber ações que causam danos à natureza. Basta observar com atenção o estado das praias, o acúmulo de resíduos nas áreas públicas ou até mesmo os grandes complexos turísticos que muitas vezes são construídos em áreas que deveriam ser preservadas. 



Nem sempre os impactos são óbvios. A exploração turística irresponsável traz enormes danos aos recursos naturais e à comunidade local, a exemplo da infraestrutura precária de saneamento básico de alguns pontos turísticos, que contribui para a poluição das águas e do lençol freático; da carência de sistemas organizados de coleta seletiva, permitindo que determinados resíduos sejam descartados de forma irresponsável na natureza; da falta de valorização da cultura, da gastronomia e do artesanato da região, que desvalorizam as comunidades locais. 

São questões que comprometem o ecossistema e a biodiversidade. Por essa razão, é fundamental que tanto os visitantes quanto os empreendedores entendam a dimensão desses impactos e busquem alternativas de preservação. 

Algumas atitudes podem fazer grande diferença: 

  • não descartar resíduos de maneira irregular; 
  • ao visitar ambientes preservados (como cavernas e grutas), não retirar estalactites e estalagmites; não registrar a passagem com pinturas ou rasuras em rochas e árvores. Opção: a visita pode ser registrada com fotos; 
  • caça e pesca em locais proibidos são atividades ilegais. Informar-se antes de comprar qualquer passeio turístico que envolva essas atividades em locais protegidos; 
  • não alimentar animais silvestres com produtos industrializados ou outros que não fazem parte dos hábitos alimentares deles, pois provoca danos à saúde; 
  • não utilizar sabonetes ou detergentes em rios ou cachoeiras; 
  • adquirir produtos fabricados por artesãos regionais; 
  • procurar conhecer a culinária local e a história da comunidade.  



É fácil identificar os lugares com uma política de preservação ambiental. Normalmente eles empregam mão de obra local, controlam a quantidade de visitantes na alta temporada e adotam ações para conscientização. Tudo isso faz com que os impactos ambientais do turismo sejam positivos, contribuindo com o desenvolvimento regional sem agredir o meio ambiente. Agora, só resta desejar que seja breve o período de isolamento social e que seja promissor e seguro o retorno das atividades cotidianas e de lazer com a família e os amigos. 

Então, aproveite o tempo para voltar melhor que antes!


Ricardo Almeida

Doutor em Ciência, Tecnologia e Sociedade. Mestre em Inovação Tecnológica. Especialista em Gestão de Pessoas e Negociação Coletiva. Atua nas áreas de Desenvolvimento Humano e Educação Ambiental.


* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Mulheres. O conteúdo é de total responsabilidade do autor. 


Siga a Revista Mulheres no Instagram (@revistamulheresoficial) e no Facebook (@mulheresuberaba).