Ilcea Borba Marquez 



Certamente não erramos ao dizer que o homem é o ser do medo. Temos medo de tudo: do céu e do inferno; da glória e da derrota; da encruzilhada e da direção; do eterno retorno e do fim; da verdade e da mentira; da morte e da vida; da cólera de Deus e da manha do diabo; da repressão e da subversão; do grito e do silêncio; do vazio e do infinito; do para sempre e do nunca mais; da traição e da tortura; do esquecimento e de jamais poder deslembrar; enfim nossa lista pode tornar-se infindável. Se temos certeza de que o homem está afeto sobremaneira ao medo, esta experiência de 2020 – A Pandemia Covid 19 – ensejou crise de medo onde todos foram contaminados porque o “governo e seus mandarins - organizações de saúde, profissionais de saúde, sistema de comunicação real e virtual, em verdadeira parceria de “lavagem cerebral” espalharam o vírus por todos os lados que não demorou mostrar sua cara – o Pânico tomou o controle de tudo. Desde então temos vivido na exceção social onde a liberdade individual no seu patamar originário do “direito de ir e vir” foi abolido representando a mais ousada e perniciosa agressão já vivida num regime democrático. Em nome da Vida as palavras de ordem foram: fique em casa, mantenham distanciamento social, usem máscaras... Foram 10 meses de regime ditatorial, sob forte pressão política que nos faz procurar Onde está o dinheiro? Somente ganhos estratosféricos explicam tamanha interferência do estado na vida de cada pessoa, jogando no lixo os direitos dos cidadãos. 

Muitos sucumbiram e tiraram sua própria vida, outros se destruíram pelo abuso do álcool ou da comida, outros adoeceram pela apatia e tristeza de não desejarem mais nada, outros se acomodaram no ócio, pediram demissão no serviço, saindo do sistema produtivo para inaugurar outra classe – a nova pobreza.   

Se a tirania é o fruto amargo do medo, o sistema do medo desencadeia outras paixões tristes: a ambição de uns exige a humildade de outros; o orgulho e a soberba de uns força a autocomiseração e a inveja de outros; a crueldade de uns incita a abjeção de outros. 

É fácil perceber que estamos diante de uma luta entre duas paixões – procura de morte e desejo de vida. Se não podemos prever qual vencerá, sabemos que o derrotado será o mais fraco e também que o caminho é árduo. “Mas tudo quanto é belo é tão difícil quanto raro” (Marilena Chaui).  Confiamos no poder da rebelião para prever um desfecho favorável ao amargor apático destes tempos. O homem também é um rebelde e já demostrou isso várias vezes ao longo da história.


Ilcea Borba Marquez 

Psicóloga e psicanalista, Mestre em psicologia, ex-presidente da BPW Uberaba - Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Uberaba e ex-presidente da ALTM -  Academia de Letras do Triângulo Mineiro.


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