por Camilla Colenghi   


É preciso um caminhão de coragem para reconhecer um amor - seja em forma de pessoa ou de propósito - e mergulhar nele. 

Mas sabe o que é mais desafiador? 

Sair. 

Caminhar para longe daquilo que o amor não é. 

Isso é bravura. 

Largar aquilo que não cabe mais na gente - na vida, na mala ou no coração - é a alavanca de crescimento mais foda de viver. 

O intrigante é que é justamente aí, nesses momentos de bifurcação de jornada, que nos sentimos quebrando. Desamparadas e frágeis. 

Eu me lembro como se fosse hoje da sensação de estar completamente perdida. Da vergonha de mim mesma por ainda não ser uma adulta “bem resolvida”. 

Sei lá, a gente pensa que com 18 anos vamos resolver o que faremos de nossa vida, achei que eu seria do tipo de pessoa que sabe dos paranauês do mundo. 

Hoje olho para trás e confirmo que virar as costas para tudo que não mais me servia, foi bem mais desafiador do que me apaixonar por outras coisas e outras pessoas. 

Nesse ano de 2023, tenho poucas certezas, mas a de que quando o mundo nos arrasta para baixo, é a mão de Deus nos tirando do lugar. 

Apresentando ângulos que não seríamos capazes de enxergar. Porque para isso é preciso distância. Se o espaço é curto (e a cabeça é dura ou a obsessão é muita) todos os tesouros e chances ao redor ficam no ponto cego. 

Eu já li bastante sobre fins e recomeços, e como um precisa do outro para existir. 

Só que há também esse momento especifico, de nem fim, nem recomeço. De retraída. 

Do mundo te levando para o chão. 

E eu prometo que ele não faz para te diminuir ou para te deixar pequena (o) (por mais impossível que seja de acreditar). 

Por isso, leitor ou leitora, quando se sentir minúscula (o), quase invisível, aproveite para tomar fôlego. 

É o começo do seu impulso. 

É o transporte para o próximo capítulo e ele fica nas estrelas.