por Camilla Colenghi



Claro que há épocas em que os problemas combinam entre si de chegarem todos de uma vez só. 

A crise conjugal coincide com febre e inhaca nas crianças, no mês em que sua sogra é internada, na semana em que está preocupada com o comportamento de um filho. 

Bate o desespero e o desejo de correr para onde só exista playlists, vinho e carboidratos (necessariamente nessa ordem). 

E ainda sabemos que para diversas pessoas, essas fases são acompanhadas de agravantes muito, muito maiores. 

Mas não vim falar dos períodos difíceis por conta dos altos e baixos da vida. Sem razão aparente, mas que acontecem. 

Eu me refiro à uma maternidade, principalmente virtual, que virou vitrine de martírio. 

Criar filho não é mole, em nenhuma circunstância. Não tem como ser. 

Você já teve um Tamagochi? Planta, gato, peixe? É sinistro. Humanos então! 

Além dos cuidados básicos (que de básicos não têm nada) há o pacote educação que pira qualquer um. 

O meu receio é que essa “tendência” de lamentações em coro sobre a vida com filhos infantiliza e imobiliza mulheres. 

Vocês já pararam para pensar no efeito disso? 

Cria-se um viés que não nos deixa sair do lugar. Se tudo aponta que criar filhos é amor regado a sofrimento, por que buscar alternativas? 

Normal ter dias de frustração e cansaço. Mas não é ok marinar nesses sentimentos. 

Alimentar, pegar pra criar, fazer uniforme de time. É perigoso juntar pena de si com ibope. 

Quem aí já tomou um fora? Se sim, essa analogia fará sentido: é natural querer se cercar de pessoas que validam a nossa dor. 

Grudar na amiga que fica contigo para falar do cara que te deu o ‘’fora’’. 

Mas há um momento em que a gente precisa mesmo, de verdade, é da colega que dá um tapinha no ombro e diz o que muitos querem, mas poucos arriscam: Já deu! 

Bora tomar um banho, repensar e agir. Validação só liberta na dosagem certa. Em excesso vira amarra. E de nó, meu amor, já basta a vida!