Solidariedade e humanização no atendimento hospitalar

Jornalista Isabel Minaré



Humanizar o hospital. Ouvir atentamente as necessidades de pacientes e acompanhantes.  Ser gentil e carinhoso. Identificar-se com o próximo, ao se imaginar no lugar dele. Olhar bem no fundo dos olhos e perguntar: - Você está bem? Eu posso lhe ajudar de alguma forma? Essas são algumas das tarefas da VAMHUS (Voluntários e Amigos do Hospital Universitário).

Criada em 2009, a VAMHUS é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, prestadora de serviço voluntário aos hospitais Mário Palmério e Regional. Antes da pandemia, ela era composta por cerca de 100 pessoas, divididas em acadêmicos, ex-alunos, colaboradores e comunidade. Esse número diminuiu bastante, em proporção às atividades realizadas. Mesmo assim, as ações não pararam. Afinal, o movimento hospitalar só cresceu nesta época. 

A ONG tem como propósito tratar o ser humano por completo porque, segundo a presidente Sandra Abadia Gomes, saúde não é só ausência de doença e sim qualidade de vida. “Em muitos casos, o paciente sai do hospital curado, mas com graves problemas sociais. Não tem dinheiro para comprar o remédio solicitado, andar de ônibus pra voltar pra casa, comer direito. Às vezes, sofreu um acidente e nem roupa adequada para ir embora tem mais”, assegura.  


Sandra criou várias entidades em Uberaba. Foto - Paulo Lúcio


A associação incentiva o homem a ser, de fato, humano. Uma tarefa nada fácil, porém possível com atitudes comuns. Olhar nos olhos, oferecer uma palavra amiga, parar para ouvir, conversar em uma linguagem compreensível são alguns exemplos. “Mais importante do que entender, é importar-se com a pessoa”, orienta a presidente. Ela percebe a falta de consciência, responsabilidade e compromisso na comunidade. “Vemos muitos estudantes se formarem para ganhar dinheiro e não para exercerem a profissão com humanidade”, explica. A entidade existe, também, para praticar mudanças. Quando o universitário a integra, ele não exerce atividades ligadas à graduação dele. Ele faz o necessário naquele instante, com um atendimento global nas questões psicológicas, humanas e sociais.

Sandra é uma pessoa “fora da curva”. Destaca-se ao ofertar o melhor com o voluntariado. Com 12 anos, deu aulas no MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização). Quando cursava faculdade, foi voluntária no Sanatório Espírita de Uberaba. Em 1998, com Nilda Barra, criou a V.EN.C.E.R. (Associação dos Voluntários de Combate ao Câncer de Uberaba), retratada várias vezes aqui na Revista Mulheres. Contribuiu para o surgimento da AVHC (Associação dos Voluntários do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro) e, juntamente com a psicóloga Wanda Lepri, idealizou a VAMHUS.  “É a minha vida”, simplifica. Dessa forma, sem complicações e segredos, honra o compromisso de cuidar do próximo, seja paciente/ acompanhante, seja funcionário.


Paciente recebe kit do projeto Mãezinha Feliz. Foto - arquivo (Observação: foto tirada antes da pandemia)


Wanda Lepri com a felizarda paciente. Foto - arquivo (Observação: foto tirada antes da pandemia)


Importância das doações

A organização não pertence à Uniube (Universidade de Uberaba) nem aos hospitais. A Sociedade Educacional Uberabense, mantenedora da Universidade, cedeu por comodato a sala ocupada pela instituição. Ademais, doa a renda das cantinas dos campi e do estacionamento situado atrás do Mário Palmério Hospital Universitário. Por sobreviver de doações e campanhas, transparência e honestidade são as palavras de ordem.  Todo fim de ano, há prestação de contas.


Conheça as atividades:

Café com afeto: realizado de segunda a sexta, nas manhãs e tardes. Turmas percorrem os espaços de acolhimento com carrinhos cheios de bebidas (café, leite e chá) e comidas (bolacha e pão com manteiga) a fim de oferecer não só alimento, mas atenção e uma palavra amiga. Na verdade, o serviço de café funciona como um pretexto para aproximação e estabelecimento de vínculos;

Encantar: grupo musical formado por alunos, que cantam e tocam violão nos leitos. Levam cultura, diversão e coragem para quem está hospitalizado;

Trupe da Alegria: turma de palhaços que percorre todas as enfermarias, incluindo os leitos de UTI. Há cantoria, piadas e travessuras. Surgem momentos de gargalhadas e descompressão;

Embeleze: uma vez por semana, as unidades recebem cabelereiras voluntárias para cortar unha e cabelo e fazer a barba de pacientes;

Cheirosinho: distribuição de kits de higiene com shampoo, condicionador, sabonete, creme e escova dental, pente e barbeador;

Mãezinha feliz: doação de kit de enxoval para recém-nascido. Há femininos e masculinos, com roupas, fraldas e mantas. Tudo é lavado, esterilizado e ensacado;

Farmacinha: doação de remédios e empréstimo de cadeiras de rodas e banho, aparelhos respiratórios, muletas, tipoias, sondas, curativos, entre outros equipamentos necessários para serviços domiciliares.

Trupe da Alegria leva diversão e brincadeiras para pacientes e acompanhantes. Foto - arquivo. (Observação: foto tirada antes da pandemia)


Altruísmo para vencer as batalhas

A estudante do sétimo período de Psicologia Alessandra Thaines atua no Encantar. Ela se inscreveu no grupo apenas para receber pontuação no currículo acadêmico. Entretanto, com o passar do tempo e as vivências adquiridas, mudou a motivação. Agora ela é voluntária exclusivamente por amor. “O que você faz bem pode fazer bem a alguém”, afirma. Alessandra percebeu uma série de benefícios com o trabalho. Melhorou a saúde física e mental, fez amizades, desenvolveu habilidades, adquiriu conhecimentos e sentiu o impacto da gratidão.  Ela dá a dica: - Quer mudar o mundo e não sabe como? Seja voluntário!  


Alessandra trabalha no grupo Encantar. Foto - Paulo Lúcio


Serviço

VAMHUS

Endereço: Mário Palmério Hospital Universitário - Avenida Nenê Sabino, nº 2477, sala 130, bairro Santos Dumont.

Horário de atendimento: de segunda a sexta, das 7h30 às 14h.

Telefone: (34) 3352-1716.Redes sociais: Facebook e Instagram.


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