Jornalista Isabel Minaré


Depois do Oscar, foi a vez de o Grammy movimentar o universo artístico. A premiação aconteceu no domingo (03), no MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas e reuniu os principais nomes da música da atualidade. Em meio a uma cerimônia dominada por estrelas de língua inglesa, uma brasileira ganhou uma estatueta. Mas quem é ela? 

É Eliane Elias, pianista, compositora e cantora paulistana de 62 anos, que venceu a categoria “Melhor Álbum de Jazz Latino do Ano” pelo disco “Mirror, Mirror”. Elaine não é tão conhecida por aqui, no entanto tem carreira consagrada no exterior. Para se ter uma ideia, ela já gravou mais de 30 álbuns, vendeu quase 2,5 milhões de discos e fez turnê em mais de 70 países. Já trabalhou com grandes nomes brasileiros, como Toquinho e Vinícius de Moraes. Na atualidade, tomada pelos serviços de streamings de música, ela tem forte presença no Spotify, com 565 mil ouvintes mensais e mais de 22 milhões de ouvintes somente para a música “Little Paradise”. 

Engana-se quem pensa que essa foi a primeira vez que a artista voltou para casa com o Grammy. Em 2016, ela venceu a mesma categoria com o disco “Made In Brazil”. O talento dela foi destaque em outras premiações. Em 1996, foi indicada a “Melhor Solo de Jazz Instrumental”, por um dueto com Herbie Hancock; em 2012, a composição “What About the Heart” disputou em “Melhor Música Brasileira”; e, em 2017, venceu o Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum de Jazz Latino”, com “Dance of Time”. 

Eliane começou a carreira cedo. Ela recebeu ensinamentos musicais dentro de casa, pois a mãe dela, Lucy, também era pianista clássica. Na adolescência, estudou no Centro Livre de Aprendizagem Musical (Clam), uma das maiores escolas de música da época. Aos 15 anos, já dava aulas de piano. Dois anos depois, foi para frente do palco e começou a se apresentar com composições próprias. Sentiu firmeza e sabia que era hora de voar mais alto. Voou mesmo, para bem longe do Brasil! Foi para Nova York, Estados Unidos. Realizou diversos trabalhos, inclusive em parcerias, como com o baixista porto-riquenho Eddie Gomez e o trompetista estadunidense Randy Brecker. Casou-se com o último, com quem teve uma filha, Amanda Brecker. A história se repetiu. Amanda seguiu os passos dos pais e se tornou cantora e compositora. 

O mais recente álbum dela é “Mirror, Mirror”, com o pianista cubano Chucho Valdés e o tecladista estadunidense Chick Corea. O trabalho foi lançado meses após a morte de Corea, vítima de câncer.