Por Camilla Colenghi


‘’Somente o amor esforçado, ao cruzar, nos atravessa’’ – li essa frase na internet e tenho pensado nisso. 

Não na frase, no amor mesmo. E no encontro (que nada tem a ver com cara metade). 

Tenho pensado nos momentos em que me sinto realmente amada e nas vezes que fiz com que outras pessoas se sentissem assim. 

Eu tenho pensado que o grande desafio do amor é esse mesmo: o do amor chegar. 

Existe uma ponte que separa o amor que a gente dá e o lugar onde o outro recebe. Não basta amar. É fundamental PERCEBER e PERTENCER

Alinhar os jeitinhos e os caminhos. 

De um lado é preciso sair do pedestal. Largar o comodismo e se esforçar para amar o outro da maneira como ele(a) se reconhece amado. Para que sinta o amor chegando, entrando pela porta, prestando atenção, sendo ombro e todas essas outras coisas que o amor é. E que a gente quer que ele seja. 

Do outro é preciso diálogo e flexibilidade. Aceitar as limitações e imperfeições de um amor que, mesmo com muito esforço, jamais terá a forma que imaginamos e os detalhes que desenhamos. 

Quanto mais amadurecemos, mais aprendemos que poucas são as pessoas e situações capazes de fazer esses dois amores se cruzarem pelo caminho. O amor vai e o amor que chega de volta. 

E então, nas raras ocasiões em que acontece, tudo faz sentido. 

Talvez num abraço que falou todas as palavras que você precisava ouvir, ou numa caridade feita, mas que também foi recebida. 

Eu tenho pensado no bem que nos faz esses raros encontros na ponte. 

É quando experimentamos do jeito mais humilde, sublime e completo. E nesse amor, temos a chance de vivenciar o mais bonito da vida.