Jornalista Valeska Ramos


Você já ouviu algumas pessoas falarem a frase: “Mulher no volante, perigo constante”. Essa máxima não faz mais sentido. Dados revelam que as mulheres estão cada vez mais imersas no mundo automotivo. É o que podemos observar com Helena Deyama, uma referência feminina, que conquistou vários títulos no automobilismo. Ela, que é piloto de Rally Cross Country, palestrante, instrutora de direção preventiva e defensiva, piloto e instrutora em cursos e eventos automotivos e driver coach, foi a primeira mulher a vencer o campeonato brasileiro de rally cross country em 2005. Além desse importante título, também foi a primeira mulher a vencer o campeonato brasileiro de rally BAJA em 2014, e em 2018 foi campeã do rally dos sertões.

Em 2004 também foi contratada por nada mais nada menos que a BMW do Brasil, para integrar o quadro de instrutores no programa Driver Training BMW, onde permaneceu por 10 anos. O currículo desta atleta é invejável. “A minha paixão pelo automobilismo nasceu do gosto pela velocidade, autocontrole, domínio, e liberdade”. Além das dificuldades financeiras para conseguir adquirir seu primeiro jipe, Helena venceu também o preconceito de ser mulher. “Tive que provar a minha capacidade, que fui conseguindo com várias vitórias obtidas, e hoje sou uma piloto bem respeitada neste meio predominante masculino.” comemora Deyama.

 

CARGOS DE CHEFIA

A sociedade se vê diante de uma mulher independente, conquistando altos cargos no mercado de trabalho, presente na política mundial e também, é claro, no setor automotivo. É o caso de Lia Naves, 36 anos, que atua na área automotiva há mais de uma década, com predominância no setor de pós vendas. Atualmente, exerce o cargo de supervisora de uma filial da concessionária BMW em Uberaba, grupo Euroville. Lia coordena uma equipe de sete profissionais. “Nas concessionárias é notório o aumento da participação do público feminino em todas as áreas, inclusive nas oficinas, fazendo com que, não raro, se tornem maioria dentro das empresas do ramo. Em todas as empresas do grupo trabalhamos alicerçados nos valores da ética, do respeito e do cuidado, tanto com nossos clientes, quanto com os colaboradores. O fato do grupo ter uma mulher à frente da diretoria fortalece cada dia mais esses pilares da empresa, contribuindo de forma decisiva para o crescimento e desenvolvimento da marca em nossa cidade”. Lia já tem vasta experiência nesse ramo, Ingressou no mercado em 2011, em uma auto center de pneus e multimarcas na cidade de Catalão, e posteriormente trabalhou como supervisora de peças em outro grupo em Uberlândia. Tem knowhow de sobra para desempenhar com autoridade o que faz.

O mercado do automóvel está cada vez mais ligado ao gosto e peculiaridades femininas, já que o público tem dominado também o consumo de carros. Uma pesquisa feita em 2011 pela empresa de pneus D’Paschoal mostra que 45% das compras de automóveis são realizadas por mulheres; o estudo também mostrou que o público feminino tem opinião formada sobre automóveis, hoje elas decidem qual modelo comprar e sabem comparar marcas e negociar preços, uma realidade que até alguns anos atrás era inimaginável.

É possível observar tendências quando o tema é carro feminino. A beleza, as cores, o design e o layout interior são características importantes, colocadas na pauta pelas mulheres que gostam do volante. Quando o assunto é o visual do possante, não é equivocado dizer que, para elas, carro não é apenas um meio de transporte - ele deve se adaptar à elegância da mulher. É natural que sintam-se atraídas por um acabamento impecável.

A Juíza de Direito da comarca de Uberaba, Régia Ferreira Lima, que é uma apaixonada por automóveis e pela marca BMW, demonstra que entende e tem bom gosto no assunto. “Sempre admirei carros imponentes, de estrutura perfeita e acabamentos modernos, daqueles que ao dirigir você nem percebe que está em um”, enfatiza Regia, que considera também imprescindível a segurança que o veículo deve proporcionar ao condutor.

Geralmente os carros utilizados por mulheres são mais valorizados, pois apresentam cuidados maiores em todos os sentidos. É o que confirma Douglas Fernandes, proprietário da Lions Brasil em Uberaba, empresa criada em 2015 que atua no ramo de estética automotiva, embarcações, motocicletas e aeronaves. A Lions foi criada com o objetivo de ser a primeira franquia automotiva da cidade e almeja a oficialização desse projeto ainda em 2022. A empresa é diferenciada, pois não só direciona a limpeza, mas também o embelezamento do veículo como polimentos, higienizações profundas, impermeabilizações, tratamentos de couro, por entre outros.

“O interesse das mulheres pelos cuidados do veículo vem chamando a atenção. Nosso público feminino aumentou 48% nos últimos 2 anos. Esse público procura um lugar no qual sinta confortável e que transmita credibilidade de não estar sendo enganada”. Douglas “... ainda afirma que a mulher tem mais interesse em cuidar de seu veículo, valorizando-o ainda mais. O empresário ainda ressalta a importância da higienização dos veículos, que evita a propagação de doenças para os usuários, desencadeadas por fungos, bactérias e vírus, como a COVID 19. “Um carro limpo e conservado é mais do que um patrimônio valorizado, é a garantia de saúde bem estar a todos que o utilizam”, finaliza Douglas.


DO SALTO PARA A TERRA

A prática do off road, como o nome já diz, tira o moto-rista das áreas urbanas e asfaltadas para ter mais contato com a natureza e fazer novos amigos, o que também tem feito as mulheres trocarem os saltos por botas. A professora Fernanda Maria Nunes, 41 anos, conheceu o hobby com o namorado Thiago Xavier Belém Miguel e desde então, nunca mais largou. Ela, que sempre gostou de aventuras, foi pela primeira vez com o namorado para uma trilha na Serra da Canastra denominada “Carretão da Canastra”. “Meu namorado brincou dizendo que, depois dessa trilha, ele saberia se íamos dar certo ou não. O meu batismo no off road foi na Serra da Canastra e me apaixonei”, brinca a professora. As trilhas são marcadas pela grande amizade formada por grupos que se tornam uma família, uma filosofia compartilhada pelos aventureiros.

Ficou mais que provado que gostar de carros, entender sobre eles e utilizá-los como esporte ou hobbie, não depende de gênero - não é questão de ser homem ou mulher - são pessoas, que gostam ou não de carros. Ainda que haja preconceito neste sentido, são barreiras que começam a ser transpostas dia após dia, revelando a forte relação também das mulheres com os automóveis.


Helena Deyama


Lia Naves


Drª Regia Ferreira Lima


Fernanda Maria Nunes