Assessoria de Imprensa Uniube


O Brasil ensaia voltar para as salas de aula em 2021, mas o retorno deve ser gradual. Parte dos alunos em casa e parte presencialmente nas universidades. 

O relógio ainda nem batia 14h do dia 17 de novembro de 2020 quando o cirurgião-dentista Luiz Carlos Rosa Coelho, 51 anos, já estava a postos em frente ao computador para acompanhar, naquela tarde, mais uma aula da Especialização em Ortodontia pela Universidade de Uberaba (Uniube). Era para ser apenas mais uma aula remota comum da pandemia, mas quando o professor doutor Marcelo Gomes Sousa abriu as atividades anunciou uma novidade. Luiz e toda a turma estavam sendo ali pioneiros de uma nova forma de ensinar adotada pela Universidade. 

Nem presencial, nem a distância: híbrido. Esta talvez seja a definição mais simples dessa modalidade, na qual os estudantes aprendem via momentos presenciais (off-line) e digitais (on-line) - um mix entre a sala de aula convencional e conteúdos produzidos com o apoio de ferramentas de tecnologia. Essa metodologia, acreditam especialistas da educação, oferece mais controle sobre o processo de aprendizagem e mais autonomia para o aluno. Embora seja considerada tendência na educação para o futuro, ela já é uma realidade em muitas Instituições de Ensino Superior (IES) do País. 

"Tudo isso é novidade, tanto para os docentes quanto para discentes. Eu acredito que a gente vai, cada vez mais, transitar entre essas duas modalidades e, em breve, muitas atividades presenciais devem migrar totalmente para o digital, com grandes saltos de aprendizagem", diz Luiz. "Com o hibridismo conseguimos progressões geométricas no conhecimento, pois ampliamos a experiência com outros docentes por meio de ambientes sincronizados. Havendo muita interação e produtividade em qualquer lugar, basta ter uma conexão. O conhecimento fica a um clique", completa. 

Atenta às tecnologias e à necessidade da construção de novas competências na formação dos estudantes, a Uniube foi a primeira instituição da cidade a adotar a modalidade de ensino semipresencial, com a inauguração de três salas híbridas, em novembro. Aliás, pioneirismo é uma característica da Universidade, que foi uma das primeiras, no Brasil, a apostar na Educação a Distância (EaD), há 20 anos, quando a possibilidade de ensinar virtualmente ainda era questionada. 

"Já estávamos pensando em implantar o ensino híbrido mesmo antes da pandemia. Com ela, o processo acelerou, o que devemos entender como extremamente positivo para a Uniube, já que as principais universidades do mundo, como Harvard, Arizona University e Stanford, já mudaram o formato de suas aulas para a metodologia híbrida. A Uniube, embora tenha 73 anos de tradição, sempre foi inovadora na cidade e no Brasil", diz o Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão da Uniube, professor André Luís Teixeira Fernandes. As três salas híbridas foram inauguradas pelos cursos de pós-graduação da Instituição e, num segundo momento, a inovação será expandida para os cursos de extensão e de graduação ofertados pela Universidade. As novas salas permitem que os professores ministrem aulas para alunos presentes fisicamente e, simultaneamente, para alunos presentes de forma remota, por meio da tecnologia, garantindo, inclusive, interação entre a turma em tempo real. "Não cabe mais aquele ensino eminentemente expositivo, quando o professor passa conteúdo para os alunos sem ter a interação desses. O conhecimento está todo disponível aos alunos, cabendo ao professor o papel de mediador dele, devendo incentivar os alunos a estudarem o conteúdo antes para, nos momentos presenciais, aplicarem o conhecimento, com retenção muito maior que nas aulas exclusivamente expositivas", argumenta Fernandes. 


O novo espaço permite que as aulas ministradas para alunos presentes fisicamente e, simultaneamente, para alunos de forma remota


Ensino híbrido na graduação

Atualmente, a Portaria 2.117/2019, do governo federal, autoriza que os cursos de graduação presencial no Brasil tenham até 40% da carga horária em atividades a distância, incluindo as áreas de Engenharia e Saúde (exceto Medicina). Por outro lado, os cursos de graduação EaD podem ter até 30% da carga horária em atividades presenciais. Ou seja, todos os cursos de graduação podem ser híbridos, já que podem ofertar atividades presenciais e a distância na organização curricular. Por isso, a partir de 2021, a modalidade de ensino híbrido chegará também aos cursos de graduação da Uniube. 

"Já existem diversas pesquisas, tanto no Brasil quanto mundo afora, sobre a melhora da aprendizagem, quando os cursos híbridos são comparados com os cursos 100% presenciais e com os cursos 100% EaD. O 'segredo de sucesso' do ensino híbrido é aproveitar o melhor dos dois modelos de aprendizagem. As atividades mais autônomas, como as de embasamento teórico, têm melhor aproveitamento quando realizadas a distância, via Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Já os momentos presenciais privilegiam as atividades de consolidação dos conteúdos por meio de atividades interativas, como o desenvolvimento de projetos, os trabalhos em grupo e as discussões e debates", diz o diretor de Desenvolvimento Institucional da Uniube, professor Cristiano Arruda. 

Mas o formato exige muito mais mudança dos professores do que dos estudantes, acredita o Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão. "Não basta apenas implantar na Universidade tecnologias de ponta. Temos que trabalhar também os docentes, que estão passando e que ainda vão passar por vários treinamentos e capacitações, para que se adequem às novas tendências educacionais do mundo. É necessário que eles utilizem nas salas de aula metodologias ativas de aprendizagem, para estimular os alunos quando estes estão estudando sozinhos, remotamente, e também quando estão em aula, de forma síncrona. É importante utilizar metodologias, como a sala de aula invertida, estudos de caso, resolução de problemas, estudo por projetos, entre outras alternativas". 

Para a professora doutora em Educação, Valeska Guimarães Rezende da Cunha, com o ensino híbrido, o que impacta é a (re)organização do processo de ensino com a mediação das tecnologias digitais, algo que vai além de uma simples aplicação metodológica. "A dificuldade que vislumbro é a adequação do currículo à realidade do aluno. A mudança impacta professores e alunos. Mas vejo que é significativo, relevante, passar por tudo isso. O foco da sala de aula é o aluno, a aprendizagem ativa. Isso é muito bom. Nós, docentes, podemos contribuir bastante para o crescimento do aluno a partir do ensino híbrido ao trazer proposições em sala de aula que oportunizem experiências significativas de aprendizagem e que aumentem o acesso ao conhecimento, evitando a evasão e fornecendo solidez na formação pessoal e profissional. Professores e alunos estarão juntos e separados compartilhando, colaborando e construindo conhecimento", conclui.


A modalidade semipresencial oferece mais controle sobre o processo de aprendizagem e mais autonomia para o aluno


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