Sistema de pagamento instantâneo facilita movimentações financeiras

Jornalista Isabel Minaré



“Será que hoje o dinheiro é de plástico? Não! É virtual! Simplesmente amei!”. É assim que a empresária Lina Mangabeira, da BioKama Colchões Terapêuticos e Magnéticos, analisa a experiência com o Pix. Desde o ano passado, empresas como a da Lina, pessoas físicas e governo têm mais uma opção para pagar e receber dinheiro. É o Pix, sistema instantâneo para transferências eletrônicas entre a mesma ou diferentes instituições financeiras, a qualquer hora, em qualquer dia e sem ou baixa cobrança. 

O Pix foi criado pelo Banco Central do Brasil (BCB) a fim de descomplicar a movimentação monetária no Brasil. Além de receber o valor em poucos segundos, ele permite evitar as taxas mais caras de meios tradicionais. Anteriormente, as transferências aconteciam entre contas da mesma instituição (transferência simples) ou entre contas de instituições diferentes, com Transferência Eletrônica Disponível (TED) ou Documento de Ordem de Crédito (DOC). Com o Pix, não é mais necessário saber agência, conta e dados pessoais do recebedor. A identificação acontece através da chave Pix, registrada com os números de CPF, CNPJ, celular, e-mail ou de forma aleatória (sequência alfanumérica gerada aleatoriamente, um código criado pelo aplicativo do banco, que já vem com o valor a ser pago). Há também a opção de produzir QR Codes (código de resposta rápida). 

De acordo com o BCB, o sistema tem vários potenciais: alavancar a competitividade e a eficiência do mercado; baixar o custo, aumentar a segurança e aprimorar a experiência dos clientes; incentivar a eletronização do mercado de pagamentos de varejo; promover a inclusão financeira e preencher uma série de lacunas existentes na cesta de instrumentos de pagamentos disponíveis atualmente à população. Lina percebe essas vantagens. Ela é portuguesa e já tinha contato com um sistema semelhante na Europa, o IBAN (International Bank Account Number). Para ela, o Pix veio para trazer praticidade e segurança. Basta analisar o extrato bancário para verificar entradas e saídas. Quem paga e recebe está respaldado por um comprovante, facílimo de ser visualizado e compartilhado. “O sucesso de uma empresa depende da relação de confiança entre vendedor e cliente. O cliente quer investir num produto no qual sabe que qualquer problema futuro será resolvido com rapidez e facilidade. O Pix proporciona isso: confiança!”, defende. Ela acrescenta outra vantagem: menor quantidade de dinheiro no caixa, o que evita assaltos. Não tem dinheiro no caixa, mas tem na conta, e sem desvalorização, porque ele cai na hora, sem ou poucas taxas bancárias (no caso de empresas). “Estamos acabando com essa história de moeda. Agora é evoluir.” 


A empresária Lina Mangabeira identifica boas vantagens do Pix, sistema semelhante ao IBAN, que ela já usou na Europa. Foto: Paulo Lúcio


Diante de tantos benefícios, o que pode dar errado com o Pix? O problema não é necessariamente com o Pix. Criminosos criam armadilhas virtuais para conseguir entrar no sistema e fazer transações sem permissão. A empresária Jane Fonseca, da Casa Mais Moda Infantil, foi uma das vítimas.  Durante sete dias, o computador dela apresentou problemas no site do banco. Aparecia a mensagem ‘Existe um tela aberta em outro computador’. Pensou logo em vírus. Nesse período, uma pessoa ligou para a loja, se apresentou como funcionária do banco e afirmou ser necessária a instalação de um mecanismo de segurança.  Ela falou os dados da empresa e da empresária, como CNPJ, nome completo, CPF, ... Jane concordou e fez tudo que ela pediu. Ouvia do outro lado da linha: - Já estamos com 48% de instalação .... Agora 63%. Em poucos minutos de ligação, a golpista fez cinco Pix. O valor aproximado do prejuízo é R$ 7 mil. Depois do susto, a vítima registrou Boletim de Ocorrência, procurou um advogado para descobrir como ter seu dinheiro de volta e processar o banco. Ela caiu no golpe do falso funcionário de banco e das falsas centrais telefônicas, considerado um dos quatro mais comuns pela Federação Brasileira de Bancos (Febrabam). 


Jane Fonseca foi uma das vítimas das armadilhas de criminosos virtuais. Foto: Francis Prado


Os outros mais aplicados são: 


Golpe da clonagem do Whatsapp 

Bandidos se passam por funcionários de empresas onde a vítima tem cadastro para lhe enviar mensagens. Eles solicitam um código de segurança, que é enviado por SMS pelo Whatsapp quando um usuário tenta instalar o programa em outro aparelho. Com o código em mãos, clonam a conta da vítima. Depois da clonagem, se conectam à lista de contatos, para os quais envia mensagens com pedidos de ajuda de dinheiro por Pix. Há um jeito simples e rápido de evitar esse problema. É só entrar no Whatsapp > Configurações > Conta > habilitar a opção Confirmação em duas etapas. Assim, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente pelo app. 


Golpe de engenharia social com Whatsapp 

Ao invés de clonar o Whatsapp, criminosos criam uma conta nova com a foto de vítima. Em seguida, descobrem os contatos de amigos e/ ou familiares dela e pedem dinheiro por Pix. Eles abusam da criatividade para justificar a troca de números, como roubo ou perda. Para não cair nessa, um jeito é ocultar o número do celular nas redes sociais, como Facebook e Instagram. Bandidos estão atentos à exposição de dados online para planejar golpes. 


Golpe do bug no Pix 

No golpe do bug (erro), o esquema é bem simples: a vítima recebe ‘fake news’ (notícias falsas) por mensagens, fotos e vídeos por Whatsapp. Nelas, os marginai afirmam a existência de falhas no sistema do Pix. Quem mandar dinheiro para conta determinada, ganha o dobro de volta. Nesses casos, a melhor forma de prevenção é não enviar valor algum. Qualquer dúvida, é só entrar em contato com os bancos. 


O Pix não é menos seguro que os outros meios de transferência, mas é preciso atenção, pois os golpistas lançam mão de alta tecnologia para se aperfeiçoarem e cometerem crimes. Não é normal os bancos solicitarem senhas, pedirem instalação de aplicativos ou abertura de anexos no celular. Diante dessas situações, é melhor ficar esperto: tentativa de fraude à vista! 

Entre as novidades programadas para o Pix ainda neste ano, está o Mecanismo Especial de Devolução. Através dele, será possível a devolução rápida de recursos pela instituição recebedora, em casos de fundada suspeita de fraude ou falha operacional nos sistemas das instituições participantes. As inovações também incluem Pix por aproximação e offline e, para 2022, o parcelamento de compras e o débito automático.


(Parceria publicitária: 3 Pinti Editora e Gráfica)


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