Jornalista Isabel Minaré


Em 24 de fevereiro de 1932, o Código Eleitoral assegurou a mulheres acima de 21 anos os direitos de votar e serem votadas em todo o país. Dois anos depois, o aprovação passou a ser garantido na Constituição Federal.

Dados. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a maioria dos eleitores brasileiros é composta por mulheres. Somente nas eleições de 2020, elas representaram 52,50%. Nas filiações partidária passam dos 45%. Os números não são tão bons em todos os aspectos. A presença feminina na política deixa muito a desejar. Levando em conta o mesmo ano, somente 15% dos eleitos eram mulheres. Muito pouco.


4 ícones da luta feminina pelo direito ao voto. Quatro mulheres se tornaram protagonistas do processo de direito ao voto feminino:


Nísia Floresta

Dionísia de Faria Rocha, mais conhecida como Nísia Floresta, nasceu no Rio Grande do Norte em 1810, mas correu o mundo. Viveu em Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Atravessou o Oceano Atlântico para morar na Europa. Em qualquer parte do planeta, defendia o direito das mulheres em ter a mesma educação dos homens.

Nísia foi professora e, em 1838 no Rio de Janeiro, fundou o Colégio Augusto, destinado a meninas. Com um currículo revolucionário, as aulas iam além de corte, costura e boas maneiras previstas na lei. Tinha latim, francês, italiano, inglês, geografia e história. Foi bastante crítica por isso, pois, a educação é a grande estimuladora para as mudanças.


Leolinda de Figueiredo Daltro

Leolinda de Figueiredo Daltro nasceu em 1859. Como professora, percorria o interior alfabetizando comunidades indígenas. Ela era mesmo uma mulher “fora da curva”. Separou-se do segundo marido e criou os cinco filhos com o próprio salário.

Em 1909, foi impossibilitada de apresentar um trabalho no primeiro Congresso Brasileiro de Geografia apenas por ser mulher. Para que nenhuma mulher passasse pela mesma situação, as leis precisavam de mudanças. Foi então que, em 1910, ela fundou o Partido Republicano Feminino (PRF). Com mais representantes, iam as sessões parlamentares para se expressarem por meios de vaias e aplausos. Chamavam a atenção para injustiças e desigualdades. Nas eleições de 1933, não só votou como foi candidata a deputada federal. Não foi eleita.


Bertha Lutz

Bertha Maria Júlia Lutz nasceu em 1894 e lutou pela causa, mas sem se envolver em conflitos. Buscava, até, apoio de lideranças masculinas.

Morou em Paris, onde se formou em Biologia na famosa Universidade Sorbonne. De volta ao Brasil, trabalhou no Instituto Oswaldo Cruz. Os homens dominavam a ciência e, por isso, teve dificuldades de mostrar seu potencial. Entra no feminismo para ter sucesso na vida profissional.

Em 1919, fundou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher (LEIM) para, entre outros objetivos, articular a aprovação do voto feminino. Três anos depois, a LEIM se tornou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF). O Primeiro Congresso Internacional Feminista do Brasil, no Rio de Janeiro, marcou a mudança. Em 1930, o golpe de Estado colocou Getúlio Vargas no poder. Um ano após, as representantes da FBPF conseguem uma audiência com o presidente. Finalmente, em 1932, o voto feminino aparece no decreto do novo Código Eleitoral, publicado em 24 de fevereiro. É importante salientar: a conquista histórica não teve muita popularização porque o voto era restrito aos cidadãos alfabetizados. Na prática, a regra excluía boa parte da população pobre.


Almerinda Gama

Almerinda Farias Gama foi uma das filiadas da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Ela era datilógrafa e, ao procurar emprego, sentia-se revoltada ao perceber a diferença entre os salários para os gêneros.

Quis mudar de vida. Deixou o Pará e foi para o Rio de Janeiro, onde conheceu o FBPF. Resolveu se associar quando viu que uma das lutas dele era pela igualdade salarial.

Almerinda tinha uma forte ligação com a imprensa. Não só datilografava, mas também escrevia. Entrava nas redações e convencia a equipe a fazer publicações sobre o tema.

Atuava em outras causas e ajudou a fundar o Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos do Distrito Federal. Como líder sindical, foi a única mulher a votar como delegada eleitora na Assembleia Nacional Constituinte de 1933. Outro foco era o movimento negro. Ao construir a própria casa no RJ, abriu espaço para acolher imigrantes.