Frederico Misson

 


Muito embora na última década tenha havido uma ascensão do protagonismo feminino, ainda é clara a situação de vulnerabilidade da mulher do campo, em especial daquelas que residem em propriedades com acesso reduzido a recursos e oportunidades.

Se na cidade a condição feminina perdeu sua reflexão impositiva, dando espaço a discussões sobre a liberdade e participação da mulher nos espaços políticos e de trabalho, no campo um sem fim de fatores acentuam posições de desigualdades, seja a ausência de incentivos, seja a falta de capacitação e instrução técnica educacional, seja a ausência de infraestrutura básica e até mesmo seja a distância do centro urbano com as zonas rurais.

Enquanto estive na vice-presidência da Cooperativa de Empresários Rurais do Triângulo Mineiro (CERTRIM), pude conhecer de perto a realidade da mulher do campo, reconhecendo sua importância para o sistema de produção e abastecimento do agro. Por isso, acredito na maior atuação do poder público e até mesmo da iniciativa privada para garantir maior dignidade à população feminina das áreas rurais.

A criação de escolas de empreendedorismo para pequenas comunidades rurais é uma proposta para o desenvolvimento da autonomia da mulher do campo, uma vez que o oferecimento de oportunidades de negócios e de capacitação constante não só visa o fomento de potencialidades, mas também a inclusão da mulher e pequena produtora no mundo do trabalho, com maior engajamento nos diversos ramos dos negócios como artesanato, gastronomia e turismo rural. É certo que o desempenho de atividades econômicas eleva a capacidade de consumo do núcleo familiar e do próprio indivíduo, que se sente valorizado, refletindo positivamente na sua autoestima, impactando em  sua vida pessoal e promovendo maior integração em sua comunidade.

É preciso, portanto, pensar em modelos de negócios sustentáveis, equilibrados entre o incentivo do poder público ou da iniciativa privada com a produção familiar, de forma que os núcleos rurais de produção se tornem independentes ao passar do tempo, garantindo a aplicabilidade do programa a mais beneficiários.

 

Frederico Misson é engenheiro civil e produtor rural. Foi vice-presidente administrativo financeiro da CERTRIM e diretor do Sindicato Rural, da ACIU e da ADESG.