Jornalista Valeska Ramos


O mundo todo foi afetado com a pandemia, com grande impacto na economia. O Brasil foi um dos países mais atingidos. Embora a retomada deva acontecer, a perspectiva de melhoras requer tempo.

As incertezas geram ansiedade e medo em toda população e indústrias do país. É o que declara o presidente da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) José Arlênio Veneziano, que também é empresário do ramo automotivo na cidade de Uberaba.  “Para o ano de 2022, eu quero acreditar no aumento do nosso PIB (produto interno bruto) através da geração de empregos. Embora tenha aumentado a oferta das vagas de emprego, ainda há déficit de profissionais qualificados. Quando a qualificação caminhar no mesmo ritmo do crescimento da população, teremos uma economia mais forte”.

A projeção da equipe do Boletim Macro do FGV IBRE (Fundação Getúlio Vargas - Instituto Brasileiro de Economia) é de lenta queda da taxa de desemprego em 2022, devido à desaceleração da retomada econômica de 4,9% este ano para 1,5% no próximo. Assim, a taxa de desocupação fecharia 2021 em 14,1%, e 2022 em 13%.

Se estiver em linhas gerais correto, as implicações desse exercício são muito relevantes. Em relação a 2022, um crescimento improvável de 3,5% reduziria o desemprego minimamente, para 12,6%, em relação aos 13% previstos levando em conta a projeção de alta do PIB de 1,5%. A aceleração da economia, mesmo no ano eleitoral terá pouco efeito na taxa de desemprego.

Assim, também pensa o empresário e ex-presidente do CDL Uberaba, Ângelo Gabriel Crema. “Que seja um ano sem surpresas e ameaças, como o fechamento do comércio e infinitos decretos de restrições. Sabemos que esta atitude promoveu um desastre na economia, as empresas se endividaram durante a pandemia e muitas desistiram de fazer investimentos já programados”. Crema ressalta, que algumas empresas retraíram, gerando desempregos e outras deixaram de criar novos postos de trabalho.  “Sempre avisamos que a conta iria chegar. 2022 será um ano de ajustes e adaptações, ao mesmo tempo será ano de eleições e Copa do Mundo, o que poderá ajudar nessa retomada, pois acabam refletindo positivamente no caixa das empresas de varejo, embora com poucos investimentos”, finaliza o ex-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberaba - CDL.

Os efeitos da pandemia de Covid-19 no mercado de trabalho brasileiro devem perdurar até 2026, segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), Luiz Guilherme Schymura, mesmo nos cenários mais otimistas. A taxa de desemprego bateu recorde no começo do ano, chegando a 14,7%. Entre 2014 e 2019, anos que englobam o momento de recessão, a taxa média atingiu 11,4%. No período anterior, de 1995 a 2014, esse número foi de 9,3% e, de 1981 a 1994, 5%. A FGV calcula que, para o mercado de trabalho alcançar um cenário mais positivo seria necessário um crescimento de 3,5% no Produto Interno Bruto (PIB) entre 2023 a 2026. Caso esse avanço aconteça, o número de pessoas desempregadas ainda deve ficar em 10,1% no fim do período, com base em análises de pesquisadores da entidade ao longo do período pandêmico. A previsão de lenta recuperação do trabalho vem mesmo com o avanço da vacinação em massa no país. Schymura considera nos seus cálculos uma alta no PIB de 4,9% neste ano e de 1,5% em 2022.

Por outra perspectiva, mais otimista, o empresário e presidente do Cigra (Centro das Indústrias do Vale do Rio Grande) Maurício Pincelli ressalva que, no setor das indústrias do município o desemprego é baixo. Embora confirme que o alavancagem da economia será lenta, o que falta em Uberaba é mão de obra qualificada. “A demanda de serviço na construção civil está grande em nossa cidade, mas falta capacitação para suprir esta demanda. As empresas estão investindo em seus funcionários, qualificando-os com cursos e elevando seus cargos. Pelo menos, na construção civil e indústrias a pandemia só melhorou o que vinha decaindo no período pré pandemia”, declara Pincelli.


Eleições

Em 2022, a população brasileira vai às urnas para escolher o próximo presidente do país. Frente a este cenário, os pesquisadores analisam que a conjuntura econômica pode influenciar a decisão dos eleitores. “Essa constatação tem implicações importantes para as eleições de 2022 e para a política econômica a ser conduzida até lá, assim como para o próximo governo a partir de 2023”, avaliam os especialistas da FGV.

Diante desse quadro, o pesquisador do FGV IBRE defende a ideia de que a política econômica não pode se acomodar em relação ao baixo ritmo de crescimento econômico e à longa permanência de alto nível de desemprego, que hoje são projetados para o Brasil.

“Eu quero acreditar no aumento do nosso PIB (Produto Interno Bruto) através da geração de empregos. Hoje, já podemos perceber um aumento da oferta de vagas de empregos, mas ainda há déficit de profissionais qualificados. Precisamos preparar mais nossos jovens, para o mercado. Quando a qualificação caminhar no mesmo ritmo do crescimento da população teremos uma economia mais forte”. Relata José Arlênio - presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG

O atual presidente da ACIU de Uberaba, Anderson Cadima está otimista com a economia, já que o número de óbitos por Covid está em decréscimo, embora ainda com alguns problemas, ele acredita que o Brasil tem muito potencial de crescimento. “Em Uberaba, é grande o número de empresas chegando e que já se instalaram. Isso tem gerado um progresso na economia e empregos no município. O que precisa ser visto com cautela é a qualificação para atender a demanda do mercado”.

A esperança para esse ano é de que ocorra um aquecimento na economia, devido ao maior índice de vacinação da população. Em consequência, alguns setores terão um maior índice de crescimento e de geração de empregos, possibilitando que famílias saiam da situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Segundo o atual presidente do CDL Uberaba - Fernando Xavier, a expectativa é que neste ano, a economia entre no ritmo de crescimento, em consequência à movimentação ligeiramente positiva que alguns setores do comércio registraram nos últimos meses.

“Embora, agora, no início do ano, estejamos diante do cenário da pandemia, o comércio já indica um número melhor em relação ao ano passado, aumentando as esperanças. Porém, com o aumento verificado nos casos das doenças, defendo a luta incansável contra a Covid e a Influenza, que tanto têm abalado a humanidade. Esperamos que a expectativa favorável, não só para o comércio, mas para todos os setores da economia se concretize e que, de fato, possamos atingir números desejados ao final do exercício e consequentemente, a taxa de desemprego diminua”. Finaliza Fernando.

Medidas deverão ser tomadas pelo Governo para incentivar a retomada da produção nacional, com o auxílio financeiro para manutenção de empresas, concessão de benefícios ou de facilitação de pagamento de dívidas contraídas durante a pandemia. E assim, reequilibrando a economia do país.


“Falar das perspectivas para um futuro próximo, nos remete antes, ao passado recente, desconhecido, duro e até penoso, que todos nós, independente do gênero, raça, religião vivemos, que foi a pandemia da Covid-19. Porém, novas modalidades de trabalho contribuíram para um novo olhar no mercado. Que este avanço cultural, às vezes tímido, porém crescente e consistente possa alarga-se em 2022 e dar o justo tratamento a todas trabalhadoras, eliminando estereótipos existentes, com uma avaliação de desempenho justa, e com critérios objetivos pelos resultados apresentados, no trabalho proposto”

Cleonilda Santos Ferreira - diretora CDL Uberaba


José Arlênio Veneziano - presidente da FIEMG Regional Vale do Rio Grande

José Arlênio Veneziano - presidente da FIEMG Regional Vale do Rio Grande


Angelo Crema - ex-presidente da CDL Uberaba.  Foto Luiz Adolfo

Angelo Crema - ex-presidente da CDL Uberaba.

Foto Luiz Adolfo


Anderson Cadima - presidente da ACIU

Anderson Cadima - presidente da ACIU


Fernando Xavier - presidente da CDL - Uberaba

Fernando Xavier - presidente da CDL - Uberaba


Cleonilda Santos Ferreira - diretora CDL Uberaba

Cleonilda Santos Ferreira - diretora CDL Uberaba